quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Singularidades de uma rapariga loira



Panorama visto pelo Narrador:
Macário, um homem desolado, contou-me a sua história numa estalagem, com a influência da vinhaça do Norte, dizendo-me que havia tido um caso complicado da sua vida, depois de termos mamado 3 garrafas da vinhaça pura do Norte. Quando era jovem apaixonou-se.
Tudo começou quando trabalhava no armazém do seu tio Francisco onde era guarda-livros, “arranjou mas é um tacho a pala do tio”. Um dia foi morar para a frente do seu armazém, uma rapariga loira (burra). Acho que foi amor à primeira vista, porque ele nunca tinha galado uma loiraça, e andava há caça do gado. Chamava-se Luísa. Foram precisos poucos dias para que ficasse cegamente apaixonado…”otário”.
Mas foi uma conquista difícil, porque Macário era um bocado “otário” ou “totó”, era muito tenrinho na matéria do engate, e ela mostrava ser de um nível superior ao dele…claro que ela era uma mera plebeia com a mania. Finalmente…com muito sofrimento e batimento, consegui cansar a “fera”, … conseguira mostrar que estava interessado nela, e ela já o tinha debaixo de olho, porque ele tinha um trabalho honrado…”um tacho”, e o seu tio tinha algumas posses” o cota é que tinha a guita toda e ele era um pendura”. Penso que era nos seus valores que ela estaria interessada…”claro que a chavala queria era massa, “otário”.
Quando um dia resolveu casar…”já era o desespero”, sem a permissão do seu tio ”claro que o tio não era otário”, o jovem ficou na pobreza “coitado!” visto que ninguém lhe dava trabalho para não acabar com a amizade de anos com seu tio…”ele devia pensar que era alguma vedeta para orientar bules assim á toa”.
Um dia apareceu um amigo de Macário, que usava um chapéu de palha…”tipo Zezé Camarinha (o Dom Ruan dos Algarves)”, passando a mensagem que havia trabalho com uma boa recompensa em Cabo Verde. Macário aceitou a proposta e lá foi. Após fazer fortuna em Cabo Verde… “ teve lá a enganar os black´s mas é!”, regressou e o casamento ficou marcado para dali a um ano depois, de modo a que Macário pudesse enriquecer e depois sim, criar família.
Quando faltavam apenas dois meses para o casamento, o amigo do chapéu de palha, pediu-lhe para ser seu fiador de uma grande quantia “ grande otário, era mesmo comigo emprestar combu assim á toa”…, e após Macário ter aceitado, desapareceu…” em bem feito para ele abrir a pestana, OTARIO”…, deixando ao jovem a infelicidade de ter de pagar a dívida desse “amigo”, ficando outra vez pobre novamente.
Sem saber o que fazer o rapaz tencionava voltar a Cabo Verde quando seu tio lhe oferece, inesperadamente, no dia em que se foi despedir dele, o seu antigo trabalho de volta…” vá lá que ainda há camelos com sorte”.
A poucos dias do casamento levou a sua noiva a uma ourivesaria para escolher o anel de noivado. Escolheram um anel de pérolas, mas o mesmo estava apertado e por isso teriam que voltar no dia seguinte para o receber e pagar. Naquela situação de impasse Macário não reparou que Luísa teria escondido outro anel…”já eras”…, mas ao saírem, o empregado, reclamou pelo objecto roubado, Macário surpreso e a querer defender a dignidade da sua noiva, que estaria a ser suspeita de roubo, disse que seria um engano, mas o empregado continuou a insistir que teria que pagar o anel. Macário numa situação de desespero queria apaziguar a situação…” agora já e tarde meu amigo”…, mas nesse momento ela, descomposta, deixa cair o anel. Macário, branco, compôs-se da situação, abriu a carteira e pagou.
Acho que foi o suficiente para ele abrir os olhos, e reparar que a sua amada não passava de uma ladra, de uma pessoa com duas intenções. Assim Macário despachou a sua noiva, e passou o resto da sua vida a lamentar-se desta situação que poderia ter um caminho mais bonito.
Nunca na minha vida ouvi de um caso tão deprimente como este, e foi assim que o encontrei nesta estalagem do Minho e………

FIM.

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